Mistura, embola, rebola

Três, quatro, mais vezes

Tenho nome de rodovia

Bem coisa de brasileiro

Prazer, BR Silva, RS Bernardo, ou só Beeer, como queiram

Nem sei mais de onde vem meu sotaque vem

Nascido em Rosário do Sul aqui no Rio Grande, sei bem

Campeei por Alegrete, Santa Maria, Jaguari, Santiago, Santa Maria

Mas tantos mais municípios, estados, países, no olhar... e na fala dos outros... encontrei

 

Na Igreja católica me criei

O que fez com que na infância as minhas memórias de terça de carnaval fossem repletas de excursões com cantorias, rezas e desbravamento de lugares desconhecidos

Rumo à mais uma das muitas Romarias da Terra que participei

Mãos levantadas aos céus

Terços, foices e um vermelho pulsante de luta, sangue, vida e barro

Tudo admiravelmente tão belo e profano

Tão distante e próximo do que iria entender ao ler alguns livros de história

A vida é mais complicada

Com mais religiões me deparei

Com mais vidas comunguei

E o sagrado, seja qual fosse, sempre estava ali A fé em algo fora e dentro de mim é que une

Tenho fé na energia que pulsa

Acho lindo entender outras religiões que nem tenho mais uma pra chamar de minha

Quero ver o batuque no tambor

O abraço que afaga

A posição de mãos que cura

O conselho sábio de quem tem algo pra compartilhar

Tá tudo aqui dentro misturado

Só sei que tenho fé

Nas pessoas, na luta, na sabedoria, na diversidade, no diálogo, no amor

 

E agora, sim, agora

No presente, presente!

Quero fazer ciência

Com amor

Com emoção

Com poesia

Com imagem, luz e som

De mãos dadas

Porque solitário

Não mais!

Não mais!